domingo, 17 de abril de 2011

Pituco

PITUCO

Pois é... Ele nunca voou. Nasceu com um probleminha na asa. Pituco aprendeu tudo o que  precisava, mamãe ensinava a procurar minhocas, vermes e sementes, observá-las cair ao sopro do vento, seu amigo... e lá corria Pituco, voraz atrás do alimento.

É... ele fez amizade com o vento. Quando seu amigo vento soprava de trás, trazia o cheiro de algum predador e zás... Pituco corria pro ninho. Quando o vento soprava forte, chegando de sua viagem lá do Norte, revolvia a terra e Pituco ficava de olho esperto nas comidinhas que se remexiam pelo chão.
Pituco fez muitos amigos e muitos deles voavam e lhe contavam as novidades:

- Lá na árvore de flores rosas eu vi uma linda Corujita dormindo...sua respiração era a mais melodiosa do Universo... suspirava Corujinho apaixonado.

- Sabia que estão consertando a cerca velha do quintal? Não vai mais ter perigo do Sansão correr por aqui, porque não terá mais buracos em nenhum lugar...eu ouvi a Senhora conversando por aí... contava o Penuginha, sempre atento.

Os amigos levavam Pituco à corda do varal e lá ficavam piando e dando risada numa curtição boa de se ver. Do que os amigos mais gostavam eram as histórias que Pituco contava, eles se empolgavam tanto que voavam por perto, buscando objetos que ilustrassem o que estava sendo narrado. E Pituco contava mais e mais, ele tinha imaginação fértil, sua mamãe lhe disse.

Era uma estripulia quando ele contava as Histórias da Noite Escura... Então não ficava passarinho quieto no varal, era uma tremeção e Corujinho soltava um pio medroso a cada minuto. Mas era divertido e no final eles riam a valer só de lembrar que era tudo inventado e que a noite de verdade era quentinha e segura debaixo da asa da mamãe.

Neide Escada da Rosa

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